segunda-feira, 3 de maio de 2010

Boletim nº7 Maio















EDITORIAL


O plano de austeridade que o governo Sócrates nos quer impor, com o apoio da direita terá graves consequências na destruição dos bens e serviços públicos, aumento do desemprego e diminuição dos salários. A situação europeia mostra que os governos, nos diversos países, aplicam planos comuns para que sejam os povos a pagarem a crise que o capitalismo provocou.
Mas os trabalhadores não se estão a deixar enganar. Não confiam num governo que valida salários milionários a gestores de empresas públicas e privadas e está envolvido em vários escândalos, como o Face Oculta, assim como desconfiam das propostas da direita que, apesar de criticar o Orçamento de Estado e o PEC acabaram por assegurar a sua aprovação. Estas políticas levaram a que muitos trabalhadores do sector público, e também do sector privado, mostrassem a sua oposição às medidas de congelamento e restrições salariais e dissessem basta às desigualdades sociais, à corrupção e aos rendimentos milionários das administrações.
Como exemplos dessas lutas, temos o caso dos enfermeiros, que já realizaram duas greves de três dias cada, desde o início do ano, com elevada adesão; da Função Pública, com jornadas de luta no início de Março e em Abril; as greves dos transportes rodoviários, ferroviários e fluviais, primeiro separadas, mas a 27 de Abril conjuntas; a greve na Galp que parou, durante três dias, a produção das refinarias de Sines e do Porto; dos CTT, que estão sob ameaça de privatização; a greve dos trabalhadores da limpeza da Câmara Municipal de Lisboa ou a luta dos trabalhadores da multinacional norte-americana Kemet Electronics, em Évora, e do hotel Tivoli. Por outro lado, a população de Valença recolocou na ordem do dia o encerramento dos SAP dos Centros de Saúde, com protestos que ainda decorrem.
Todas essas lutas têm em comum recusarem a perda de direitos e salários definidos pelo Orçamento de Estado e pelo PEC. Devemos ter, no entanto, claro que o caminho não passa por soluções individuais, como as reformas antecipadas, ainda que muito compreensíveis, mas sim pelo reforço das lutas contra as medidas do PEC, seguindo o exemplo dos trabalhadores de outros países europeus. Na Grécia, apesar das várias greves gerais e manifestações massivas, o plano de austeridade mantém-se, mas os gregos não desistem, porque sabem que é a única saída para evitar a sua bancarrota.
É preciso agora unificar as lutas, demonstrando a consciência que os ataques não são pontuais e obedecem a um mesmo plano. Uma ofensiva europeia concertada pelo capitalismo requer uma resposta dos trabalhadores também à escala europeia, e os ventos das greves gerais gregas também terão de chegar a Portugal.
É pois o momento de nos envolvermos todos na preparação de uma forte resposta ao PEC, uma resposta que o possa derrotar e abrir espaço a uma nova política de defesa do emprego, do salário e dos serviços públicos. Só a participação e mobilização dos trabalhadores para um plano de luta, debatido e decidido em Plenários de Empresa e Assembleias Sindicais, pode preparar com sucesso uma necessária greve geral.

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