quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Boletim nº 3 - Outubro















EDITORIAL

As eleições já eram. Expressamo-nos no voto conforme a apreciação que fazemos da nossa situação em particular e do país em geral. Antes e durante a ida as urnas discutiram-se largamente propostas, partidos, candidatos e deu-se largas ao descontentamento, mas a discussão e reivindicação dos termos em que trabalhamos, do que ganhamos e das carreiras que devemos ter, parece ter ficado em águas de bacalhau. De facto, salvo a honrosa excepção dos técnicos de saúde, os sindicatos dos demais profissionais de saúde concederam ao Ministério a dita "trégua eleitoral". O governo muda na aparência, mas será que muda a sua política para a saúde e que podemos todos ficar descansados a pensar que o próximo executivo nos dará tréguas a nós?
A situação não e tranquilizadora. No caso dos médicos, os sindicatos recuaram e aceitaram a semana de 40 horas, num acordo que ainda não foi reconhecido por algumas EPE's. No caso dos enfermeiros, não está salvaguardada a possibilidade de todos acederem ao topo da carreira, de 1000 profissionais terem perspectivas de ver a sua situação precária regularizada e de outros 1600 verem abrir o concurso que lhes havia sido prometido. Em ambos os casos, de toda a negociação com o Ministério falta ainda discutir grelhas salariais, mais concursos e avaliação de desempenho no caso dos médicos e regime de transições no caso dos enfermeiros. Destes, são cada vez mais os que exigem que se convoque uma greve por tempo indeterminado.
As reivindicações são em muitos casos comuns, tal como os locais de trabalho também o são. Será portanto muitíssimo proveitosa a união dos diferentes profissionais de saúde quando se trata de avançar para formas de luta. E necessário que os diferentes sindicatos discutam entre si para as concertarem. E necessário que seja dada voz a todos os profissionais nestes processos. Já foi dito neste boletim e não é de mais repeti-lo, é preciso que as direcções sindicais organizem plenários de base, democráticos e participados, onde todos possam ser ouvidos.
Á primeira vista pode até parecer que de um governo sem maioria absoluta, a imposição de condições prejudiciais para os profissionais não aconteça com tanta facilidade. Não podemos no entanto esquecer, que o governo de maioria relativa em questão, conta com uma direita igualmente ou ainda mais predadora de direitos laborais, com a qual pode muito bem acordar pontualmente políticas que nos atacarão sem dó nem piedade.
Com Ana Jorge ou sem ela, não devemos baixar a guarda! Exigindo maior espaço de participação sindical, decidamos democraticamente o que reivindicar e como lutar! Exigindo lutas conjuntas dos nossos sindicatos, sejamos combativos na luta pelos nossos direitos!