segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Carreiras de Enfermagem: Manifestação de 18/Set



No passado dia 18 de Setembro, sexta-feira às 12h, estavam em frente ao Ministério da Saúde (MS) cerca de 200 enfermeiros numa concentração convocada pelos sindicatos dos enfermeiros, contra as grelhas salariais propostas pelo MS.
Os mais distraídos pensarão, só 200?? Há que louvar os que conseguiram marcar presença, no entanto não se podia esperar muito mais que este número, num dia de semana, num dia que nem se quer coincide com greve, ao meio-dia.
As próprias direcções sindicais afirmaram que o pouco que se avançou nas negociações foi à custa das grandes manifestações e greves. Ainda assim ficou acordada uma divisão na carreira que os enfermeiros não queriam. As direcções sindicais afirmam que foi uma opção táctica, que vão continuar a lutar pela carreira única e agora também contra as grelhas salariais. Com o acúmulo das reivindicações qual a vantagem de convocar uma concentração que à partida não passaria de simbólica?
O objectivo da concentração era exigir, através de uma moção que “nas reuniões negociais com a CNESE e a FENSE de 21 e 22 de Setembro, o Ministério da Saúde apresente os elementos que fundamentam as suas propostas e opções e evolua de posição.” Ora, os elementos que fundamentam as propostas do MS são fáceis de deduzir: poupar à custa dos trabalhadores da saúde, tal como o está a fazer com todos os outros trabalhadores da função pública (auxiliares, professores, administrativos, polícia...), tentando baixar ao máximo as grelhas salariais, ao mesmo tempo que agravam as condições de trabalho e eliminam a possibilidade da grande maioria de trabalhadores de chegar ao topo da carreira. Esta é a receita do MS para poupar no SNS, estes são os seus fundamentos, independentemente do próximo governo ser um PS com ou sem D. E não deveria o sindicato exigir outra grelha salarial e não os fundamentos desta? Não deveria o próprio sindicato apresentar uma grelha salarial que considerasse justa?
E será que é esta a táctica que os enfermeiros querem seguir? As exigências e as formas de luta foram discutidas e votadas, democraticamente, em plenários de enfermeiros sindicalizados e não sindicalizados? Ou foi uma decisão exclusiva da direcção do sindicato?
Já há quem clame por greve de tempo indeterminado. Será a maioria dos enfermeiros? Não se sabe porque as suas vozes não têm sido ouvidas no local certo: em plenários.
O MAS propõe esses mesmos plenários para que sejam os enfermeiros a decidir o que querem. Apelamos também às direcções dos sindicatos que representam os enfermeiros, os médicos, os auxiliares de acção médica, os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, para que as mobilizações sejam conjuntas e não divididas, especialmente agora que as nossas reivindicações são tão semelhantes. O nosso inimigo é o mesmo, juntos temos mais força.

1 comentário:

  1. Não sou enfermeiro,mas tendo uma filha que é enfermeira e sabendo que a situação de precariedade laboral dela é igual ha de milhares de enfermeiros e de outros profissionais da função pública,apoio intregalmente o seu excelente texto de denuncia,não só dessa precariedade,mas também do papel vergonhoso que na maioria das vezes é assumido pelas direcções sindicais.
    Se a direcção sindical diz que vai continuar a lutar,pela carreira única,quando antes "acorda" uma divisão nas carreiras,porque razão cedeu nessa situação,em nome da "táctica",bom, neste caso era melhor não utilizar táctica nenhuma,e até estou de acordo com o "texto" quando aconselha a realização de plenários e ser a classe a decidir,qual a melhor "tactica" a utilizar em próximas vezes,caso contrário e pelo que sucedeu,qualquer dia a classe dos enfermeiros perde todos os direitos que conquistou.No entanto é preciso não esquecer que estas ditas "tacticas"utilizadas,elas não têm nada de falta de experiência ou de inocência?!...
    Está na hora,de se discutir porque razão não se fazem os aconselháveis "plenários" e porque se cometem estes "ERROS" tácticos.Como nos diversos serviços procurar-se ELEGER delegados sindicais combativos e LEAIS à sua classe.Se não se tomarem medidas no sentido de se dotar o Sindicato de uma direcção mais esclarecida e mais combativa,muitas situações destas continuarão a acontecer,para prejuizo da classe.
    A UNIFICAÇÃO da LUTA de todo o sector público,não se trata apenas de o INIMIGO ser COMUM e dar mais força ao movimento,mas sim de o preenchimento de uma condição ESSENCIAL, para parar os ataques deste e de futuros governos,contra os direitos e interesses dos funcionários públicos,bem como garantir no presente e no futuro novas hipotesses de exito às lutas dos trabalhadores.
    No caso particular da enfermagem é preciso também RESPONSABILIZAR a ORDEM dos enfermeiros,pelo actual estado de precariedade com que a classe se confronta.A "ORDEM" não pode passar ao lado destes problemas,como tem que assumir as condições de dignidade profissional que assiste a classe.
    Quanto ao vosso BLOG e "jornal",foi uma grata supresa e que penso estarem no caminho certo pelo qual eu vos felicito, desejando-vos a continuação de um bom trabalho,NÂO DESISTAM e tenham a devida paciência,os exitos no nosso trabalho,apesar do nosso querer, nem sempre estão ao virar da esquina.
    j.M.Luz
    Jotaluz@gmail.com
    "alutaoperaria.wordpress.com" está a vossa inteira desponibilidade.

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